
Infecção pelo HPV: um pouco de informação útil
- On 22 de setembro de 2017
A infecção pelo HPV é considerada a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum no mundo e pode se apresentar como verrugas genitais ou lesões subclínicas imperceptíveis ao olho nu. Cerca de 75% dos homens e mulheres poderão ter contato com o vírus em algum momento de suas vidas.
HPV e câncer
Existem mais de 150 tipos de HPV e cerca de 40% deles podem infectar a região genital, perianal e orofaringe. Embora nem todos os tipos possam levar ao câncer, aproximadamente 5% de todos os cânceres no mundo têm alguma associação com o vírus. Embora esses dados sejam bastante expressivos, é muito importante o esclarecimento para que se previna, se trate e evite problemas futuros.
Apenas para dimensionarmos o tamanho do problema, podemos dizer que o HPV é a causa de mais de 90% dos cânceres de colo de útero, 75% dos cânceres de vagina, 60% de vulva, 63% de pênis, 91% dos cânceres anais e perianais e 72% dos tumores de orofaringe. Diante de tais dados, é de se esperar que muitos pacientes procurem ajuda médica com dúvidas, medos e questionamentos relacionados ao tema.
O contágio da HPV
A primeira coisa que devemos ter em mente é que sua transmissão ocorre no contato direto com a pele ou mucosa contaminada. Isso significa que embora haja transmissão por outras formas, como compartilhamento de roupas, má higiene, transmissão de mãe para filho na amamentação, sabemos que mais de 95% dos casos de transmissão ocorre pelo contato sexual direto. Assim, podemos inferir que quanto maior o número de parceiras ou parceiros sexuais, maior será o risco de infecção.
A prevenção das formas de contágio é escolha e decisão pessoais, porém é importante que nós, médicos, expliquemos ao paciente todos os riscos. Mas, e a camisinha? Protege contra o vírus? A resposta é mais ou menos. Como sabemos, o vírus se aloja na pele ou mucosa da área genital, que inclui face interna da coxa, virilha, púbis e região perineal. A camisinha pode proteger um pouco, mas não é um método 100% eficaz na prevenção.
Ainda falando em prevenção, dispomos atualmente da vacina contra o HPV que já está disponível no mercado há mais de 10 anos e na rede pública, mais recentemente, para pré-adolescentes. No Brasil, temos as vacinas bi e quadrivalentes. Essas vacinas podem ajudar na prevenção de até 70% dos cânceres (ambas) e 90% das verrugas genitais (quadrivalente) e hoje são recomendadas a homens e mulheres entre 9 e 26 anos, independentemente da exposição prévia ao vírus.
Outro ponto extremamente importante é que essas infecções, embora mais comumente se resolvam em até 2 anos, podem permanecer no organismo por 10 anos ou mais. Isso significa que casais, ou indivíduos com parceiro ou parceira fixa podem apresentar sintomas e isso não necessariamente representar que alguém na relação teve um contato sexual com alguma pessoa nova.
Se mesmo com todas as precauções tomadas ainda assim aparecer alguma verruga genital, não há nenhum grande problema. Para o tratamento, os recursos podem variar desde pomadas até cirurgia para eliminar essas lesões, de acordo com o que o urologista indicar. As mulheres devem realizar anualmente, após início da atividade sexual, o exame de papanicolau. Esse é o exame que o ginecologista avalia o colo de útero junto com o patologista. Mesmo com a presença de pequenas lesões pré-malignas, o tratamento é muito eficaz e dificilmente evoluirá para um câncer.
É importante frisar que homossexuais e indivíduos HIV positivos estão sob maior risco das infecções e do desenvolvimento de câncer. Nos homossexuais, há uma maior incidência de câncer de canal anal. Outro importante fator de risco é o tabagismo, que deve ser evitado em pacientes de risco com lesões recidivantes.
Assim sendo, podemos dizer que o tema HPV é muito frequente, de grande importância clínica, mas que a maior arma para o combate seria a informação de qualidade. Ter HPV ou já ter tido contato é algo muito comum. O importante é a prevenção com hábitos saudáveis, boa alimentação, evitar o cigarro e vacinar quem puder. Diante do problema, procurar ajuda médica.
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